domingo, 15 de abril de 2007

Conservação?Tempo?Filosofia?

Neste processo de reflexão, confuso caminho ou mesmo tortuoso encontro este texto do Dr. Ibsen Gusmão de Câmara na Revista Conservação e Natureza,2004. No início do artigo ele resgata uma passagem escrita por Marius Jacobs :
"algo ocorreu com o termo conservação.Em folheto do Centro de Conservação para o Desenvolvimento da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) , a palavra é definida como "manejar nosso uso do meio ambiente para garantir o máximo de benefícios para o homem - no presente e no futuro". Isto soa mais como uma intenção de conservar o homem do que a natureza...Entretanto, o benefício para o homem não conhece limites:na nova acepção restrita , conservação é definida para [atender ao] único animal cujas necessidades são infinitas, e ao qual todos os outros devem subordinar-se ...um conceito tendencioso se esconde no lema "Conservação para o Desenvolvimento". A conservação age a longo prazo. Um milênio é uma ninharia.Poucos se lembram de que foram necessários 35.000 milênios para que as floresta da Malásia evoluíssem... O processo ao qual todas as criaturas devem tudo, a evolução, é que deve ser protegido em primeiro lugar....Agora, no desenvolvimento, tudo é feito às pressas ...Conservação para o Desenvolvimento então significa que devemos subordinar o permanente ao temporário...Na verdade conservação sempre significou:proteger a natureza.De quê?Claro está, do Homo sapiens.É tão simples quanto isto."
Dr Gusmão continua sua análise ( o artigo realmente merece ser lido em sua totalidade):
Desde a" explosão cambriana ", há cerca de 540 milhões de anos, quando surgiram quase todos os filos dos seres multicelulares, no curto, do ponto de vista geológico- espaço de cinco a dez milhões de anos, a Terra presenciou pelo menos cinco intensos episódios de extinção em massa, cujas causas naturais ainda não estão satisfatoriamente esclarecidas . No que pesem estes espamos de extinção e a ocorrência lenta e ininterrupta de desaparecimento de espécies durante os seus intervalos, a evolução permitiu que a diversidade biológica , apesar de altos e baixos, tenha se mantido com tendência de aumento. os primeiros hominídeos provavelmente a viram em seu apogeu. Hoje , contudo, nos encontramos envolvidos em uma sexta crise com intensidade comparável às do passado.(....) Mas a crise atual é diferente. pela primeira vez ela foi provocada por uma única espécie: o homem.
A consequência mais grave e duradoura dessa recente catastrófe biológica são suas profundas repercussões no futuro da vida .Cada espécie desaparecida significa a eliminação antecipada de todas as demais formas de vida que dela eventualmente poderiam derivar.
(...) A conservação da natureza é um dever ético da espécie humana(....)!



Ibsen Gusmão de Câmara.As Unidades de Conservação e o paradigma de Durban.Revista Natureza e Conservação.outubro de 2004.volume 2.número 2. Fundação Boticário de Proteção à Natureza.

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